Traumas Mamilares e Amamentação
- Muller Solucoes
- 22 de ago.
- 4 min de leitura
Olá caro leitor,
Dando continuidade as atividades do blog da Rev. PelleSana, tenho o grande prazer de

incluir um artigo de duas especialistas, professoras Maristela Belletti Mutt Urasaki e Rosemeire Albuquerque Sartori da USP Leste.
Tenho plena certeza que esse conteúdo muito contribuirá tanto para profissionais da amamentação, quanto para mulheres que estão passando por essa fase.Bem sabemos que amamentar é um passo importante para o binômio mãe-bebê, tanto físico quando emocionalmente, e ter a mama com sua pele íntegra é uma variável facilitadora, dentre tantas outras, para a mãe no estabelecimento desempenhar esse papel.
Agradeço as professoras pela contribuição.
Desejo boa leitura do texto, e peço-lhe uma contribuição à revista em deixar um comentário e também compartilhar na rede social. Com esse gesto, você está contribuindo para a divulgação da revista e também prestigiando os autores.
Meu apreço,
Dra Beatriz Farias Alves YamadaEditora Chefe da Rev.PelleSana
A amamentação, além de propiciar, pelo leite materno, a melhor fonte de nutrição para os lactentes e a proteção contra diversas doenças agudas e crônicas, também possibilita um melhor vínculo mãe-filho. Dessa maneira todos os esforços para favorecer o sucesso da amamentação devem ser realizados.
Profa Dra Maristela Belletti Mutt Urasaki – Doutora em Enfermagem, especialista em Enfermagem em DermatologiaProfa Dra Rosemeire Albuquerque Sartori – Doutora em Enfermagem, especialista em Enfermagem Obstétrica
Dentre os problemas mais comuns que dificultam a amamentação está o trauma mamilar, especialmente nos primeiros dias após o nascimento.
O trauma mamilar tem causas diversas que envolvem tantos aspectos da mãe quanto do bebê. Em relação a mãe considera-se a primiparidade, as condições da mama e mamilo, cuidados tópicos inadequados, uso de protetores de mamilo, exposição prolongada a forros úmidos dentre outros; em relação ao bebê a prematuridade, presença de freio lingual curto, sucção ineficaz e principalmente a pega incorreta do mamilo e o posicionamento incorreto do bebe ao amamentar.
Os estudos mostram que dispor o bebê logo após seu nascimento em contato com sua mãe, denominado contato pele a pele, na primeira hora de vida, favorece de sobremaneira o bem-estar materno e neonatal e, dessa forma também, o sucesso da amamentação a curto, médio e longo prazos.
Após o nascimento, o recém-nascido passa por uma fase de alerta, com duração média de quarenta minutos, na qual se preconiza, em bebês saudáveis, o contato mãe-filho, por tratar-se de um período que serve para o reconhecimento de ambos, ocorrendo a exploração do corpo da mãe pelo bebê e os dois entram em sintonia única. A amamentação se destaca como benefício do contato imediato ao tornar a sucção eficiente e eficaz, além de aumentar a prevalência e duração da lactação.
Investir nas primeiras horas de vida favorecendo o contato pele a pele e dedicar cuidados com o posicionamento adequado do bebê para mamar, apoio à puérpera em todas as suas necessidades e detecção precoce de anomalias colaboram de sobre maneira para o fortalecimento da amamentação e prevenção de problemas que tragam desconforto e abandono do ato de amamentar.
Os traumas mamilares visíveis podem ocorrer bem precocemente, a começar nas doze primeiras horas pós-parto. O tipo de lesão pode variar entre eritema, edema, escoriação, vesícula, fissuras até ulcerações significativas, podendo causar muita ou nenhuma dor, sendo que esse sintoma nem sempre está associado ao tamanho da lesão. O local pode também apresentar secreção.
O tempo de cicatrização pode variar e essa condição pode culminar em desfechos negativos para mãe, como processos infecciosos, e para o bebê, a interrupção da amamentação levando a outros desdobramentos que comprometem sua saúde.
Dois cuidados essenciais para o TM são: garantir o posicionamento adequado e a boa pega.
O posicionamento adequado está relacionado ao conforto da mulher podendo ela estar sentada, deitada ou até em pé e o bebê deve estar inteiramente virado de frente e bem próximo ao corpo da mãe. A cabeça e a coluna devem estar alinhadas. As nádegas (se o bebê for pequeno) devem estar apoiadas pela mão da mãe. O queixo deve tocar a mama e a boca de frente à região aréolo-mamilar.
A pega correta compreende: o queixo do bebê deve tocar a mama com a boca mantida bem aberta, o lábio inferior voltado para fora, as bochechas arredondadas, deve sobrar mais auréola acima da boca do bebê do que abaixo com a mama arredondada e nunca estirada.



Quanto ao tratamento do TM recomenda-se:
Manter o aleitamento exclusivo sob livre demanda: amamentação na primeira hora e alojamento conjunto;
Ajudar a mãe a estabelecer boa pega e posição adequada dela e do bebê para diminuir possibilidade de dor e a sucção tornar-se confortável para mãe;
Intervir precocemente: oferecer ajuda imediata à mãe logo após às primeiras queixas de dor mamária para evitar complicações;
Ordenhar e massagear as mamas antes de oferecer a mama para o bebê com intenção de deixar macia a aréola para que a mesma seja também abocanhada no ato de amamentar
Evitar lavar os mamilos com frequência, apenas o banho diário;
Orientar o não uso de protetores mamilares: além de confundir a pega, pode macerar a pele se houver excesso de umidade
Aconselhar a mãe a não usar cremes, loções ou pomadas;
Orientar como retirar o bebê do peito antes do término da mamada: interpor o dedo mínimo por entre os maxilares, no canto da boca da criança, para desfazer a pressão;
Iniciar a mamada pela mama sadia ou menos dolorida com a intenção de não permitir que a dor intensa possa inibir o reflexo de ocitocina após a ejeção do leite
Esclarecer a mãe que amamentar em diferentes posições numa mesma mamada ajuda esvaziar todos os lóbulos e evita atrito no mesmo local, favorece o conforto da mãe e evita trauma
Elucidar que não há recomendação de banho de sol nas mamas de acordo com as novas evidências científicas;
Informar sobre a hidratação do mamilo que deve ser realizada com o próprio leite da mãe com pequena camada após cada mamada;
As mulheres precisam ser alertadas sobre mitos e cuidados inadequados que circulam no senso comum como: colocar casca de banana, melão, mel, expor o mamilo ao sol, passar saliva do bebê, dentre muitas outras práticas. Esses cuidados não estão respaldados por evidencias científicas.
É fundamental que processos educativos sejam realizados durante o pré-natal para que a mulher conheça esse problema tão comum da maternidade, saiba como prevenir o TM e conheça as condutas assertivas no caso de lesão.
Obs. O conteúdo do texto e fotografias são de inteira responsabilidade dos autores, não expressando necessariamente a opinião dos editores da Revista Pelle Sana.



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